domingo, 20 de maio de 2012

Das coleções, escolho o eterno.

“Abra a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à destruição.” 
Provérbios 31.8 

Coleciono frases. Centenas delas estão guardadas em um arquivo de plástico, dividido de A a Z, copiadas à mão, em pedaços rasgados de papel, salvos da lata de lixo, separadas pelos nomes dos autores. Contam histórias – a minha e a de outros. Lembro-me da primeira que coloquei ali, há mais de dez anos, escrita no verso de uma folha de caderno: “Se alguém não tem uma causa pela qual morrer, não tem motivos para viver”. Desconhecia o autor. Hoje, encontro nele inspiração: Martin Luther King Jr, uma única pessoa que transformou o futuro de tantas outras. 

Coleciono nomes, livros e histórias. Li que todos precisam de heróis. Os meus são pessoas comuns, ordinárias e extraordinárias. Únicas e, ao mesmo tempo, como eu e você. Focadas, decididas, interessadas. Às vezes sozinhas, mas capazes de mudar o mundo. Meus heróis contam-me sobre igualdade, justiça, reino de Deus. Andam sempre comigo. São pessoas como William Wilberforce, um inglês que libertou escravos negros. Ao lado dele, um senhor simpático que encontro na rua, cheio de atitudes de amor, o mesmo amor. Uma Joana d’Arc adolescente, apaixonada, confusa, que ouve Deus e entra para o exército da França sem saber ao certo o porquê – apenas obedece. Há também outra garota, um pouco mais velha, distribuindo abraços e palavras amigas para crianças de rua no meio da madrugada. E um menino de apenas 8 anos que se senta todas as manhãs e pergunta ao Mestre como pode influenciar os colegas da escola. Vi Dietrich Bonhoeffer outro dia protestando contra a situação política de seu país. Vejo diariamente Terezas, Gandhis e Mandelas. Aqui e ali, famosos ou anônimos, empenhados em olhar além e fazer melhor. Vozes na multidão. 

Coleciono sonhos e anseios. Viajar, ter um filho, conhecer pessoas, salvar uma vida, marcar a história. No dia a dia, entre a incerteza, o medo e a necessidade de segurança, deparo-me com uma carga de distrações e ocupações. Se não for além delas, jamais alcançarei um alvo. Em que investir? Pelo que lutar? O que gostaria que contassem sobre minha vida? Cada pessoa marca. Todas têm em si um potencial para o bem ou para o mal. Cada pessoa influencia no mínimo mais outras quinze, disseram-me uma vez. Em uma reação em cadeia, posso influenciar centenas, milhares, milhões. 

Coleciono muitas coisas. Nesse infinito de possibilidades, como não me perder? O amanhã é feito de decisões, todas elas tomadas hoje. Decido pelo que é eterno. Escolho uma única causa: toda a criação reconciliando-se com o Pai. Escolho a eternidade sendo escrita hoje, definindo o amanhã. Por esta causa, quero abrir a boca em favor de outros. Quero clamar por justiça, amor, misericórdia e graça. Quero olhar para os fundamentos abalados ao meu redor e me dispor a ser resposta. Quero influenciar de forma intencional, natural. Como em uma reação em cadeia, promover um bem finito, em um universo infinito. Pela causa que escolho, quero deixar marcas nessa geração. Como ela me deito e me levanto. Nela me movo, encaixo o ontem, o hoje e o amanhã. Por ela, Cristo se esvaziou. Por ele, tomo minha cruz e morro um pouco todos os dias. 

Eliceli Katia Bonan, 25 anos, é jornalista e missionária de JOCUM. 

Retirado da resvista Ultimato | Maio-Junho, 2012. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho que o AMOR é a única religião que o mundo anda PRECISANDO. Eu tenho visto tanta gente que levanta as mãos para "LOUVAR" e não estende as mesmas mãos pra levantar alguém que precisa de ajuda.Tanta gente que aponta o dedo pra julgar, mas não abre os BRAÇOS pra acolher. TANTA GENTE QUE PEDE PERDÃO A DEUS, MAS NÃO SABE PERDOAR O PRÓXIMO.

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